COMO PODEMOS COMEÇAR A INVESTIR DE FORMA SÓLIDA E INFORMADA?

Num mundo onde as incertezas financeiras se multiplicam, e os bancos centrais continuam a moldar os rumos económicos, nós deparamo-nos com uma questão pertinente: Como podemos começar a investir as nossas poupanças de forma sólida e informada? Em meio a esta encruzilhada, é essencial entender não apenas a urgência em começar já a investir, mas também quais são os passos vitais a dar antes de aplicar as nossas poupanças.

Investir é uma jornada que pode parecer intimidante, mas é crucial para potencializar as nossas poupanças no longo prazo. Com a inflação a 5,4%, segundo a estimativa do Banco de Portugal, deixar o dinheiro a descansar numa conta poupança pode resultar na perda de poder de compra, e daí a importância de rentabilizar as nossas economias. Além disso, os investimentos proporcionam a oportunidade de fazer o dinheiro trabalhar por nós, criando potencialmente retornos superiores aos oferecidos por métodos tradicionais.

Antes de entrar no universo dos investimentos, é imperativo dedicar tempo a uma análise financeira pessoal abrangente. Esta etapa crítica envolve cinco passos essenciais:

1.     Análise das receitas, despesas e padrões de gastos;

2.     Definição de metas financeiras claras;

3.     Avaliação da tolerância ao risco;

4.     Construção de um fundo de emergência;

5.     Liquidação de dívidas de alto custo.

Após seguir todos estes passos, estamos prontos para começar a escolher quais serão os ativos mais apropriados com a tolerância ao risco à qual nos propusemos.  Com isto em mente, existem inúmeras opções de investimento com diferentes graus de risco disponíveis no contexto financeiro português.

1.     Certificados de aforro: Os certificados de aforro são um investimento seguro e de baixo risco. Estes são títulos de dívida pública, ou seja, estamos a emprestar dinheiro ao estado português. E é ele que garante que vamos receber os juros a que temos direito. A rentabilidade anual dos certificados de aforro é, atualmente, 2,5%;

2.     Depósitos a prazo: Os depósitos a prazo são também um investimento seguro e de baixo risco. A rentabilidade anual dos depósitos a prazo varia bastante, desde 0,01%, na banca mais tradicional, mas pode chegar até aos 4% (taxa oferecida por bancos mais pequenos, pela banca online e pela banca de capital estrangeiro como método de atrair mais clientes). Neste momento, um depósito a 12 meses rende, em média, apenas 0,96%, o que ainda representa um rendimento real negativo tendo em conta a taxa de inflação atual;

3.     Ações: As ações são uma pequena parcela do capital social de uma empresa. Ao comprar uma ação, o investidor torna-se sócio da empresa que emitiu essa ação, passando a correr os riscos dos negócios junto com a empresa e tendo participação nos lucros e prejuízos da mesma. Estas são um investimento mais arriscado que as anteriores, mas também com potencial de retornos mais elevados. Existem duas formas de rentabilizar as ações: através da variação do seu preço e através da distribuição de dividendos.

4.     ETF’s (Exchange-Traded Funds): Este consiste num instrumento financeiro constituído por diversos outros ativos como ações ou obrigações. De forma simples, os ETF’s são um cesto onde estão reunidos vários títulos. São uma boa opção para os investidores que querem diversificar o seu portfólio. A rentabilidade média anual dos ETF's é de cerca de 6%.

5.     Imobiliário: O imobiliário é um investimento tradicional que pode ser muito rentável. No entanto, também é um investimento mais arriscado, pois é necessário um investimento inicial elevado e está sujeito às flutuações do mercado. Por outro lado, representam um investimento tangível e com potencial de criar renda passiva.

6.     REIT's: Os REIT's são fundos de investimento imobiliário. São uma boa opção para os investidores que querem investir em imobiliário sem ter de comprar um imóvel. A rentabilidade média anual dos REIT's é de cerca de 6,2%, excluindo a componente do dividendo anualmente distribuído.

Existem também algumas formas de investimento mais alternativas. Estas formas de investimento podem ser mais arriscadas, mas também podem oferecer retornos mais elevados. Destaco exemplos como criptomoedas, NFT’s, produtos de luxo e objetos de arte.

Investir é uma jornada pessoal e dinâmica. A conciliação de ativos de baixo e alto risco para equilibrar retornos e volatilidade, a educação contínua e a adaptação às mudanças económicas são chaves para o sucesso a longo prazo.

Em última análise, ao compreender as razões para investir, adotar medidas cuidadosas e explorar opções alinhadas aos objetivos pessoais, temos todos os fundamentos necessários para poder começar a investir de forma sólida e consistente para potencializar as nossas poupanças ao máximo.

Algumas dicas adicionais:

o   Começa com um pequeno investimento. Não precisas de investir uma grande quantia para começar. Começa com um pequeno investimento e vai aumentando o valor dos teus investimentos à medida que te sintas mais confortável e fores ganhando experiência.

o   Reinveste os teus lucros. Quando os teus investimentos gerarem lucros, reinveste-os. Isto irá aumentar o valor do teu portfólio ao longo do tempo.

o   Sê paciente. Os investimentos levam tempo para crescer. Então não esperes ficar rico da noite para o dia.
Rui Dias, Colaborador do Departamento Financeiro

 

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